O coração na terceira idade – O envelhecimento não chega de uma vez só e nem se faz de repente. O corpo vai mudando dia a dia, lentamente, durante toda a existência do ser humano. Por essa razão, costuma-se dizer que ele é um processo natural da vida e cada pessoa faz sua própria trajetória, envelhecendo de maneira única e individual, pois as experiências vivenciadas dizem respeito a cada um de modo particular.
As transformações vão além da aparência, isso porque muitas modificações também acontecem dentro do organismo, que reage diferente em relação à forma como estava acostumado a atuar, comprometendo diversos sistemas e órgãos, incluindo, o coração. Um músculo que pode ser afetado por muitas variáveis.
Assim como os demais órgãos e músculos do corpo humano, o coração modifica igualmente suas características de forma natural com o envelhecimento.
Além das alterações estruturais, suas funções também são afetadas, já que o sistema cardiovascular sofre redução global da capacidade funcional e tolerabilidade ao esforço com o passar dos anos.
Entre as alterações que ocorrem durante o envelhecimento do coração, a mais nítida é a variação da frequência cardíaca. Quando a pessoa está em repouso, o órgão mais velho mantém o funcionamento de forma muito similar a um novo, não apresentando redução importante no débito cardíaco.
Porém, em situações de maior demanda, fisiológicas ou patológicas, nota-se que a frequência cardíaca (número de vezes que o coração bate em um minuto) já não se eleva tanto, mantendo-se discretamente baixa, e também a recuperação é mais lenta, ou seja, os mecanismos compensatórios podem falhar, resultando em alterações funcionais clinicamente mais importantes e em eventos isquêmicos.
Ademais, é importante ressaltar que existem mudanças que ocorrem fisiologicamente no complexo cardiovascular do indivíduo com a idade. São mudanças diferentes do que aquelas apresentadas quando um quadro patológico (de doença) se apresenta.
A partir dos 30 anos, o coração vai passando, pouco a pouco, por um processo de envelhecimento, cujas consequências se tornam mais nítidas quando se atinge a terceira idade.
Ao longo da vida, conforme o tamanho das células musculares individuais do coração vai aumentando, o órgão tende a crescer e se tornar mais firme. Além disso, os vasos se tornam mais rígidos e menos elásticos, pois as paredes das artérias ficam mais espessas, o espaço dentro delas se expande e o tecido elástico é perdido, o que pode tornar o trânsito sanguíneo um pouco mais lento.
Outro problema muito comum que ocorre por conta da velhice diz respeito à captação e absorção de cálcio. Isso igualmente reflete no coração, pois a perda muscular faz com que seja prolongado o tempo de relaxamento ventricular.
Há, ainda, a redução da modulação da função cardíaca pelo sistema nervoso autônomo, fazendo com que a resposta após a estimulação da adrenalina seja mais lenta.
Outros sinais de envelhecimento cardiológico fisiológico:
• Pressão de pulso aumentada;
• Enrijecimento arterial;
• Frequência cardíaca máxima diminuída;
• Variabilidade dos batimentos cardíacos diminuída;
• Débito cardíaco máximo diminuído.
Com essas modificações estruturais que o coração passa durante o processo natural de envelhecimento, é normal que, ao fazer determinadas ações rotineiras, algumas diferenças sejam notadas.
Durante a prática de exercícios, por exemplo, é comum que a pessoa não consiga mais atingir sua frequência máxima de antigamente. Isso acontece por causa da adrenalina, que já não responde com tanta intensidade, e à redução da quantidade de sangue que é bombardeado.
Além disso, como as artérias e as arteríolas não contam com tanta elasticidade devido à queda da produção de colágeno, o indivíduo demora a conseguir relaxar durante o bombeamento rítmico do coração e retornar ao seu ritmo normal após o bombeamento intenso do órgão.
Esta situação pode fazer com que os idosos corram o risco de sofrer tontura ou, em alguns casos, desmaiar quando se levantam repentinamente, já que a pressão arterial não consegue se ajustar com a velocidade necessária.
Neste cenário, inclusive, é que há o aumento da pressão arterial na hora da contração do coração, podendo levar ao surgimento da doença chamada hipertensão sistólica isolada, em que a pressão arterial é anormalmente elevada durante a sístole (quando o coração se contrai) e normal durante a diástole (quando o coração repousa).
Para o diagnóstico correto de qualquer doença cardiológica, inclusive das arritmias, é necessário primeiramente uma boa anamnese e exame físico, ou seja, fazer ao paciente uma série de perguntas, bem como a solicitação de alguns exames específicos.
Assim, é possível verificar se o idoso já tem alguma enfermidade de base ou se faz uso de algum medicamento, pois isso pode influenciar no resultado de outros exames.
No caso do coração, um dos exames mais comuns é o eletrocardiograma, em que é possível verificar como o órgão está batendo e se há alguma alteração na condução elétrica.
O achado isolado de distúrbios de condução e arritmias cardíacas em uma pessoa mais velha não significa necessariamente presença de doença de base concomitante.
As arritmias podem ser supraventriculares ou ventriculares. O tratamento pode incluir implante de marca-passo, ablação por meio de radiofrequência e laser, além de medicação.
A prevalência de fibrilação atrial aumenta progressivamente com o passar do tempo. Como fatores de risco para o seu desenvolvimento, podem-se citar a idade, o diabetes mellitus, a hipertensão arterial e as valvopatias (alterações nas válvulas do coração).
Com o envelhecimento da população, a prevalência de fibrilação atrial tende a aumentar proporcionalmente.
Em idosos, é necessária uma avaliação detalhada para tentar identificar as causas da fibrilação atrial relacionadas às frequentes manifestações de algumas patologias nesses pacientes.
O tratamento deve ser individualizado e visa à prevenção do tromboembolismo e das recorrências, além do controle da frequência cardíaca.
Dependendo da causa e do tipo de fibrilação atrial, podem ser utilizadas medicações, bem como pode ser necessária internação hospitalar para monitoramento prolongado.
Popularmente conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial representa, no Brasil, uma das maiores causas de problemas cardiovasculares. Em geral, caracteriza-se como pressão alta como sendo a pressão sistólica maior que 140mmHg e/ou diastólica maior que 90mmHg.
Muitos estudos ligam a hipertensão arterial a outras enfermidades, como Acidente Vascular Cerebral (AVC – popularmente conhecido como derrame), doença coronariana, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal crônica.
A perda progressiva de elasticidade dos vasos sanguíneos explica o aumento da pressão sistólica na terceira idade.
O tratamento de hipertensão arterial em pessoas mais velhas deve levar em conta não só o valor de pressão obtido, como também a existência de outras doenças associadas.
É importante que o tratamento seja individualizado, justamente para evitar risco de queda de pressão (hipotensão), que pode ser perigosa caso o idoso esteja desacompanhado.
A doença arterial coronariana acomete de 20% a 30% dos idosos. Os sintomas incluem fadiga, dor nas costas, dor no ombro e até desconforto na região do estômago. Para o diagnóstico, é necessário fazer o teste ergoespirométrico, no qual o paciente caminha sobre uma esteira, que vai, aos poucos, tendo sua velocidade aumentada, até um nível máximo, específico para cada indivíduo.
Muitas pessoas mais velhas não se sentem bem ao fazer esse exame, por conta do condicionamento físico debilitado, no entanto, ele é extremamente importante para o diagnóstico da doença arterial coronariana, pois permite verificar a reação do coração quando submetido ao esforço.
Estima-se que, em pacientes acima de 80 anos, a incidência de insuficiência cardíaca possa chegar a 42 casos/1.000 idosos/ano. Fadiga e intolerância ao exercício são sintomas comuns, portanto, a realização de exames físicos completos é necessária, justamente para afastar o diagnóstico de outras enfermidades, como anemia ou doenças pulmonares.
O tratamento envolve medicamentos, que podem variar em tipo e dosagem de acordo com o diagnóstico do paciente.
Embora haja outras doenças que possam acometer o sistema cardíaco dos idosos, é importante lembrar que um correto diagnóstico e tratamento adequado é fundamental. Assim, visitar regularmente um cardiologista é ainda mais indispensável na terceira idade.
Apesar do envelhecimento do coração ser considerado um processo natural, a boa notícia é que é possível evitar que seus efeitos prejudiquem na qualidade de vida.
A prática regular de exercícios físicos é a chave para uma rotina saudável em qualquer idade, mas, com o tempo, ela se torna imprescindível. Isso porque ela ajuda na capacidade cardiovascular do indivíduo, além de auxiliar na manutenção da sua forma física, que é igualmente muito importante para conter as doenças que afetam o músculo cardíaco.
Outra dica é realizar consultas preventivas com o cardiologista. Por meio dos exames adequados e seguindo a orientação médica, é possível fazer com que o envelhecimento do coração se torne somente mais uma etapa da vida a ser superada.
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